25 de novembro de 2006

A Batalha de Austerlitz - III

III Parte - O Inicio da Batalha

O general aliado que elaborou o plano de ataque era Buxhowden, a grandiosidade do ataque mais uma vez iria comprometer o seu sucesso, as forças aliadas não estavam dispostas segundo a nacionalidade, logo existiam Russos comandados por Austríacos, e vice-versa o que nos momentos chaves do combate foi desastroso para o comando aliado, outro factor foi o facto de Napoleão ter interferido no plano ao dar mostras de retirar e mostras de desorganização deixando o flanco sul aberto para o ataque.

O plano de confronto aliado estava talhado para existir uma deslocação do núcleo central para o flanco sul, peça fraca dos Franceses, os aliados formaram cinco enormes colunas para o combate, mais uma vez a pressa em derrotar Napoleão deixou os erros tácticos aliados vir ao de cima.
O núcleo central ficava exposto, no entanto ninguém colocou a hipótese de um ataque frontal de Napoleão ao planalto de Pratzen, assim os Russos a norte disponham do exército de Bagration, que iria travar uma violenta batalha com o V Corpo de Lannes, este confronto durou o dia todo e impossibilitou Bagration de reforçar e salvar o centro aliado.

As colunas aliadas eram enormes e a sua deslocação criava problemas de logística, o terreno escolhido para a batalha favorecia por completo o plano de Napoleão, e quando os aliados se aperceberam do facto já não podiam recuar.
As estradas e encruzilhadas em breve ficariam completamente entupidas de tropas, Infantaria e Cavalaria, o que deixava em aberto a possibilidade de um caos nas fileiras aliadas.

Para tudo ser perfeito na manha de 2 de Dezembro de 1805 um espesso nevoeiro pairava sobre toda a região de Austerlitz, este factor veio dar a Napoleão o trunfo que faltava, com as forças ocultas sobre o nevoeiro, os Franceses estavam cobertos e o factor surpresa seria decisivo horas mais tarde.

A expectativa deixou os Marechais Franceses angustiados mas confiantes num desfecho positivo, Napoleão descansou e logo cedo estava no comando a observar o início da deslocação dos aliados.
Logo pela manha 3 colunas aliadas começaram a deslocação para sul, o seu objectivo era atacar o flanco e subir em direcção ao centro, formando uma tesoura que impossibilitava Napoleão de recuar.
Como não existia uma real informação sobre o estado e a capacidade de combate das unidades Francesas os aliados pensavam que numa questão de horas a batalha estaria resolvida.

A norte Bagration envolveu-se no combate com a infantaria de Lannes, Napoleão pretendia que este flanco não recua-se pois seria fundamental resistir para ocupar Bagration e desvia-lo do verdadeiro sentido da batalha, a luta ao longo do dia foi feroz com muitas baixas para os dois lados, a cavalaria de Murat e de Bagration envolveram-se em cargas e ataques consecutivos o que transformou o terreno num autentico campo de morte, assim como as descargas da artilharia, o fumo misturado com o nevoeiro e o barulho ensurdecedor do auge da batalha envolveram por completo estes exércitos que lutaram até ao limite tendo apenas pendido para um dos lados já da parte da tarde.
Nesta altura do dia já a batalha de Austerlitz tinha um desfecho único.

Com o avanço das colunas aliadas os primeiros combates a sul revelaram uma grande determinação dos Franceses em resistir e atrasar o avanço dos Russos, as encruzilhadas e aglomerados de casas proporcionaram uma defesa eficaz contra a confusão das colunas aliadas.
A chegada atempada do corpo de exército de Davout desequilibrou como previsto o flanco sul a favor do Imperador.
Perante tal confusão os generais pressionavam Napoleão para atacar de imediato, no entanto o tempo de espera iria ser decisivo para o sucesso, Napoleão observava as deslocações aliadas e aguardava mais um momento, a sua audácia seria preciosa.
Soult e as suas divisões de infantaria tinham a missão de conquistar o centro aliado e ocupar o planalto de Pratzen, logo que este fica-se mais desguarnecido.

Pouco tempo depois mais duas colunas aliadas convergiam para sul, este seria o ponto de partida para a reviravolta dos acontecimentos.

22 de novembro de 2006

A Batalha de Austerlitz - II

II Parte - O plano

Incrédulo com a notícia da derrota de Mack, Kutusov o comandante do exército Russo avisou os seus oficiais de que o seu destino seria outro.
Kutusov marchava para junto de Mack no entanto o calendário Russo tinha uma diferença de dias, o que atrasou os planos de Mack, pois este pensava que Kutusov estaria mais perto do que na realidade estava, este facto fez ruir todo o plano aliado de ataque pois um dos exércitos estava já fora do tabuleiro.

O exército Russo estava agora estacionado no centro da Europa a aguardar a chegada do Imperador Austríaco e juntos formavam um exército aproximado de 85.000 homens, superior ao de Napoleão.

No entanto Napoleão deslocava-se em perseguição dos Russos sem no entanto os encontrar.
Esta perseguição durou alguns dias e à medida que os dias iam passando Napoleão começava a sentir dificuldades no abastecimento, a sua linha ia sendo cada vez maior logo era necessário empregar mais tropas nas estradas para eventuais ataques de surpresa, Napoleão tinha a sensação que os aliados não queriam atacar pois o exercito de Napoleão acabaria por regressar à França faminto e sem munições após uma campanha tão longa, a distancia de França começava a criar um grande problema ao Imperador que só tinha uma solução, defrontar e derrotar os aliados o mais rapidamente possível.

Reduzido a um exército de 70.000 homens Napoleão começava a perder capacidade de travar uma grande batalha, o frio, o mau tempo e o cansaço das tropas dava os seus frutos com cada vez mais feridos e doentes.
Napoleão estacionou perto de Austerlitz, uma pequena aldeia na boémia, ao verificar o terreno apercebeu-se de encruzilhadas de estradas, declives e vales, assim como um planalto que dominava uma grande área de observação, um lago gelado a sul seria o ponto certo para a elaboração do seu plano de ataque.
O grosso do seu exército ocupou o planalto de Pratzen, ponto forte de observação, daqui os Franceses observavam o exército aliado e as suas posições.
Napoleão contava com a chegada de um corpo de exército vindo da capital ocupada de Viena, assim logo que eles chegassem estariam prontas a participar na batalha que estava a ser planeada pelo Imperador, estas tropas iriam juntar-se ao flanco Sul desequilibrando a balança a favor de Napoleão.
No entanto a batalha tinha que ser na altura certa, para que o plano de Napoleão funciona-se, ele tinha que forçar o ataque.

Napoleão elaborou o seguinte plano para a batalha de Austerlitz; juntou os seus marchais e indicou para que estudassem bem o terreno pois a batalha iria dar-se aqui em Austerlitz, as encruzilhadas as estradas os vales e a posição de Pratzen seriam decisivas para o desfecho do combate.
O Imperador dispôs os corpos de exército da seguinte forma:
A norte o Marechal Lannes, com a cavaleria de Murat
No centro o marechal Soult com o apoio de Bernadotte
No sul o corpo de exército de Davout
Tinha ainda de reserva os granadeiros de Oudinot e a Guarda Imperial de Napoleão.

A sua disposição levou os aliados a interpretar que o flanco sul estava desguarnecido e que no centro reinava a desorganização, Napoleão ordenou a Soult que retira-se de forma desorganizada apressadamente para fingir uma fuga, deixando aberto o caminho para os Aliados.
Os Russos morderam o isco e horas antes do início da batalha ocuparam o planalto de Pratzen, as chefias jovens do exército aliado exigiam aos mais velhos o ataque imediato enquanto os Franceses estavam em fuga o que levaria a uma vitória rápida e esmagadora, todos queriam derrotar Napoleão.

No entanto ninguém no estado-maior aliado se apercebeu das verdadeiras manobras de Napoleão e por falta de informações de espiões tudo parecia normal, o plano aliado era todo ditado pelas dicas dadas por Napoleão que jogou na táctica acabando por dar o golpe final horas depois na manha de 2 de Dezembro de 1805.
Kutusov percebeu a armadilha e não queria atacar em Austerlitz, Alexandre estava eufórico só de pensar em derrotar o mestre, o estado-maior aliado decidiu começar a batalha de Austerlitz logo pela manhã.
O destino dos aliados estava traçado.

Outro factor não menos importante ocorreu na noite anterior a batalha, as tropas francesas ergueram fogueiras e tochas para comemorar o primeiro aniversário da coroação do Imperador, o fogo foi interpretado pelos aliados como o início do abandono do acampamento militar, parecia que estavam a queimar as tendas e o material…
Esta interpretação errada acabou por ser fatal.

20 de novembro de 2006

A Batalha de Austerlitz - 2 de Dezembro de 1805


I Parte - A caminho de Austerliz

No Inverno de 1805 a Europa central ia testemunhar a maior vitória militar de Napoleão Bonaparte, conseguida com um misto de táctica, intuição, sorte e capacidade de liderança aliado a uma boa observação e escolha do terreno.

A data da Batalha ficaria para sempre, assinalada na história, pois realizou-se precisamente um ano após a coroação de Napoleão como Imperador dos Franceses.

No final do ano de 1805 as potências aliadas marchavam novamente para destruir as ambições expansionistas de Napoleão, Russos, Austríacos e Ingleses que vítimas directas de embargos por parte dos Franceses elaboraram um plano conjunto para invadir a França e destruir os aliados de Napoleão.
Este plano englobava 3 ataques em simultâneo contra os Franceses. Norte com forças Inglesas e Suecas, centro com forças Russas e Austríacas e Sul com Austríacos e soldados fiéis ao deposto rei de França.
No entanto, para a época, este plano era grandioso e muito ambicioso, pois não contemplava os atrasos das deslocações, a lentidão de comunicações existentes entre os vários exércitos em movimento, as componentes dos exércitos e todo o material deslocado, e em relação ao exército Russo o calendário utilizado era diferente do resto da Europa, o que mais tarde se iria revelar num desastre para toda a campanha, a diferença de dias iria ser crucial para a desorganização estratégica que mais tarde os aliados sofreriam no campo de batalha.

No final do ano, apenas as forças do General Mack estavam na Baviera aliado de Napoleão, enquanto que os Russos estavam em deslocação, numa marcha lenta e cheia de confiança na vitória, comandados pelo Czar Alexandre, um jovem aristocrata que pretendia imitar o poder de Napoleão. Os Russos dispunham de um poderoso exercito quer em homens quer em cavalaria, assim como uma guarda de elite bem equipada e com a moral extremamente elevada, pretendiam juntar-se ao exército de Mack e aguardar a chegada do exército do Imperador Francisco II.

Ao sentir que toda a campanha estava atrasada o General Mack resolveu esperar pelos restantes exércitos em Ulm para poder perseguir a campanha de invasão, este erro resultaria mais tarde no início do fim da coligação aliada.

No final do Verão, Napoleão que se encontrava estacionado junto do canal da mancha a preparar a invasão da Inglaterra, ao saber das deslocações dos aliados decidiu preparar a resposta e escolheu a Europa Central para a batalha decisiva.

Em Outubro Napoleão foi informado da derrota da frota em Trafalgar, a invasão estava definitivamente fora de questão.

Como o exército Francês estava dividido em Corpos de Exercito a sua deslocação foi mais fácil que a dos aliados, assim todas as unidades marchavam em separado e combatiam em conjunto, deixando o inimigo perplexo com a aproximação quase sem se notar, Napoleão mandou avançar os corpos mas ninguém sabia para onde, a dúvida só se iria desipar quando Ulm estava já a vista.
Após uma marcha rápida das praias do norte de França até Ulm na Baviera, Napoleão estava já em vantagem, pois o inimigo não contava com o seu exército tão perto. Evitando o combate directo, Napoleão numa demonstração de força, cercou o exército de Mack não deixando qualquer hipótese de reacção, desorganizados e sob o efeito surpresa os Austríacos não resistiram a espera de reforços e acabaram por se entregar, e deixando em aberto o caminho para a tomada da capital Austríaca Viena.
Mack foi totalmente surpreendido pela rapidez com que Napoleão se apresentou para a guerra, o desfecho desta primeira batalha estava encerrado.
Vitor Mestre 2005